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De repente, toda a gente diz bem destes...
Duran Duran: pop + pop
O teledisco de Falling Down, dos Duran Duran, já aqui mereceu o devido destaque. As suas imagens são o pretexto para uma nova reflexão sobre as iconografias pop — texto publicado no Diário de Notícias (25 Nov.), com o título 'Reinvenções pop segundo os Duran Duran'.
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O teledisco propunha uma deliciosa paródia visual que colocava os Duran Duran num cenário onde se cruzavam lutadores do “sumo” japonês com uma galeria de modelos que, por assim dizer, desafiavam a força dos corpos masculinos com os argumentos próprios das suas poses. Com mais ou menos interdições, Girls on Film acabaria por conquistar um lugar emblemático na história dos clips musicais, vindo mesmo a arrebatar, em 1984, um Grammy para o melhor video/versão curta, atribuído à edição conjunta de Girls on Film e Hungry Like the Wolf (do álbum Rio, de 1982); foi, aliás, a primeira vez que tal categoria surgiu no gigantesco palmarés anual dos Grammy.
Passados 26 anos, os Duran Duran decidiram revisitar as suas próprias memórias com o teledisco de Falling Down (do novo álbum Red Carpet Massacre), magnífico exercício de uma pop cristalina que, como se prova, não menospreza as suas raízes figurativas. Dirigido por Anthony Mandler, Falling Down revisita o universo da moda, tendo como cenário uma clínica para super-modelos, com os Duran Duran a tocar numa das suas salas e o vocalista Simon Le Bon, em impecável fato branco, a assumir a personagem de director da clínica.
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Curiosamente, o teledisco vai buscar a sua inspiração mais próxima a um trabalho fotográfico: o fabuloso portfolio que Steven Meisel publicou na edição do passado mês de Julho da Vogue italiana. Chamava-se “Super Mods Enter Rehab” e, como o título sugere, colocava um conjunto de modelos nos espaços de uma clínica de desintoxicação das mais variadas formas de dependência. As imagens de Meisel oscilavam entre um realismo cru, muito físico, e um sentido de efabulação poética centrado nas tragédias mais íntimas dos corpos. Agora, Falling Down propõe-nos uma reinvenção algo irónica e distanciada das imagens de Meisel, explorando todas as potencialidades do teledisco como formato, não apenas de “ilustração” da música, mas também de criação de pequenas ficções de vocação mais ou menos simbólica.
A história iconográfica da pop faz-se destas interacções e, sobretudo, desta capacidade de expor a sedução e também as contradições das imagens do nosso próprio presente. Falling Down confronta-nos com a coexistência perversa das canções com o imaginário da moda, num jogo de atracção e repulsa que a música, de uma só vez,
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(João Lopes in «sound and vision»)
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