quarta-feira, novembro 21, 2007

Trabalhadores burlados e amedrontados

Três responsáveis do Conselho de Administração da empresa Sorgal em Ovar, chegaram a ser acusados pelo Ministério Público de terem urdido um plano que lhes permitiu apropriarem-se de 126 270.35 euros...
Artigo do nosso leitor José Lopes
A história verdadeiramente hilariante e quase surrealista, não é um original inédito para um guião de um filme sobre temas de imigração, cá ou lá fora, na procura de uma vida melhor. No entanto, quando este episódio tem rostos cúmplices e rostos de vítimas devidamente identificados que se deixam amedrontar, não para defender o posto de trabalho mas para o trocar, por um negócio fraudulento e sobretudo indigno e humilhante para quem levou uma vida a trabalhar duramente. Um processo que o Ministério Público na sua acusação quase transformou num autentico guião de filme em que é desvendado uma espécie de grupo "mafioso", que no final escapa pela fragilidade das vitimas amedrontadas e intimidadas a perderem a miséria do subsidio de desemprego e a admitirem que a história, afinal, está mal contada, quando a vergonha porque passaram os continua atormentar.

Quadros ardilosos

Três dos mais altos responsáveis do Conselho de Administração da empresa Sorgal em Ovar, chegaram a ser acusados pelo Ministério Público de terem urdido um plano que lhes permitiu apropriarem-se, fora da contabilidade oficial da empresa, da quantia de 126 270.35 euros, como resultado de um processo para a rescisão amigável com sete trabalhadores que se viram enganados, porque ao contrário dos valores a que teriam direito na ordem variável em função dos anos de casa a que correspondiam entre os 13, 22 ou 25 mil euros para cessação do contrato de trabalho, apenas vieram a receber o montante de 2.500 euros. Um descarado roubo aos trabalhadores que passou também por defraudar o próprio estado através de isenção de impostos.

Tudo aconteceu quando em finais de 2005 os ofendidos neste processo, trabalhadores que tinham em média cerca de três décadas de serviço, convencidos de que a possibilidade de saída da empresa por sua própria iniciativa, com direito ao recebimento de subsidio de desemprego, não lhes iria ser permitida a partir do ano de 2006, dadas as alterações à lei. Decidiram desencadear os procedimentos para a rescisão amigável, mas os arguidos já tinha outros planos e organizaram o despedimento de cada um dos ofendidos, sem justa causa por decisão unilateral da empresa, manobrando, como eram acusados no processo, ao ponto de proceder á identificação da consequente compensação pecuniária a pagar pela empresa a cada um dos trabalhadores correspondendo aos respectivos direitos legais.

Notas a escaparem-se por entre os dedos

Para o plano não falhar cada trabalhador foi transportado um a um de carro da empresa ao banco para trocar o cheque, passagem pela empresa com o respectivo e real montante a que tinham direito, por dinheiro vivo que foi colocado num envelope. Operação sempre acompanhada por responsáveis que estiveram indiciados como arguidos no processo do Ministério Público.

Chegados ao gabinete da arguida, a cada um dos ofendidos era solicitado o envelope, de dentro do qual era retirada a quantia de 2500 euros em notas de 500 euros. Para convencer os trabalhadores a aceitarem tal "negócio" e perante a sua perplexidade naquela fase de um processo que sentiram sem retorno, segundo a acusação, os arguidos, através da arguida, "declararam aos ofendidos que era a quantia a que cada um tinha direito, visto que a quantia total recebida resultante do cheque descontado, apenas lhes caberia, caso o despedimento acontecesse por iniciativa unilateral da empresa, e não a pedido do trabalhador conforme lhes referiram, afinal, ser o caso". Perante a autêntica chantagem sobre os sete trabalhadores intimidados e confusos, cada um assinou os documentos ainda na expectativa de que a empresa ia respeitar os montantes descritos nos cheques, mas rapidamente se vieram a aperceber de que tinham caído num logro, por, quem diria, administradores da própria empresa, entretanto acusados de cometerem em co-autoria material sete crimes de falsificação de documentos e sete crimes de burla qualificada. Como pode um "guião" com tais particularidades intrigantes para uma fita de cinema redundar num fiasco em que os principais personagens negam a sua própria história no filme, desacreditando-o?
José Lopes (Ovar) in «Esquerda.net»

1 comentário:

Anónimo disse...

Para quem julga que são só os "operários pobres e analfabetos":
http://mindthisgap.blogspot.com/2007/11/p.html

P. J., Senior Software Engineer, Dublin. Irlanda

Bem, o que motivou a sair de Portugal nao foi tanto o ter uma nova experiencia ou sequer o facto de nao ter trabalho.
Apesar de ter trabalhado 8 anos numa cidade que se consiguiu tornar uma nulidade em todas as areas (o Porto), gracas aos brilhantes politicos que populam as nossas esferas de poder, nunca cheguei a estar desempregado.
No entanto a situacao de emprego no Porto e' precaria (85 % dos trabalhos sao precarios, segundo o JN) e como ha pouquissimas oportunidades uma pessoa ja esta' um pouco com aquela ideia de ter de se sujeitar a todo o tipo de coisas. E claro os patroes sabendo que a situacao esta' ma' brandem o chicote o mais que podem. Mas que quer dizer precario ao certo?
Eu vou relatar a minha experiencia de trabalho no Porto e depressa vao perceber porque troquei o ex-motor economico de Portugal por Dublin. Sim! Ex! Porque so algumas regioes da Grecia estao atras do norte de Portugal, neste momento! La' vou eu ter de bater no ceguinho sem referir nomes. "Mas voces sabem de quem e' que eu estou a falar..."
1999 a 2002:
Acabadinho de sair da FEUP ingressei numa companhia de multimedia do Porto. Naqueles tempos aureos antes do "dot-com crash" essa companhia apresentava-se como uma empresa que tinha contratos com o U.S. Army e o U.S. Navy. Durante os 2 primeiros anos assisti a um rapido crescimento em numero de colaboradores que na realidade foi motivado por uma operacao de marketing. O que e' certo e' q a mesma foi vendida em 2001 para um dos maiores grupos economicos portugueses, aproveitando a publicidade dos celebres contratos com os EUA e o facto de ter crescido bastante em numero de colaboradores. Qual nao foi a surpresa do grupo quando apos uma auditoria descobriram que a suposta lucrativa empresa tinha acumulado imensos prejuizos. Ou seja a empresa tinha sido engrossada para ser vendida por bom dinheiro. E eles enfiaram o barrete. A partir desse momento assistiu-se a uma verdadeira caça 'as bruxas com o intuito de arranjar todos os motivos possiveis e imaginarios para despedir colaboradores. Em meados de 2002 cançado do ambiente, sai para trabalhar como subcontratado numa multinacional alema na zona industrial de V. Conde.
2002 a 2006:
Estar subcontratado numa outra empresa e' uma situacao complicada, pois esta'-se dependente de duas empresas (“Ja' de uma!... Sabe Deus!”) e um tipo e’ olhado de lado pelos “internos”. Mas as coisas no inicio ate' pareciam estar a correr bem apesar das horas que trabalhavamos a mais. Ate' que passado 2 anos se descobriu que a nossa empresa de outsourcing tinha uma situacao financeira nao muito famosa. Nessa altura a empresa multinacional alema (o segundo maior investidor estrangeiro em Portugal) tentou forcar-nos a rescindir com essa empresa de outsourcing e assinar no mesmo instante por outra. Claro que os colaboradores sairiam lesados dessa situacao pois perdiriamos os anos de antiguidade. Depois de muitas indefinicoes e indecisoes e apos alguns colaboradores terem chegado mesmo a rescindir por carta registada, tudo ficou em aguas de bacalhau. E os mesmos colaboradores que tinham rescindido tiveram de dar o dito pelo nao dito, o que diga-se e' uma situacao no minimo hilariante. Provavelmente a empresa de outsourcing aumentou a comissao ao responsavel do departamento da multinacional e “tudo ficou em familia e na paz do Senhor”. Por vezes os salarios eram pagos com algum atraso, ja' para nao falar nas despesas, e os colaboradores manifestaram o seu desagrado com a situacao. Passado um ano a granada estourou: a multinacional recebe uma carta registada do fisco indicando que a empresa de subcontratacao tinha acumulado uma consideravel divida fiscal pelo que futuros pagamentos a' mesma estavam confiscados pelo estado.Conseguem adivinhar quem se lixou no meio disto tudo??? Exactamente!!! O mexilhao!!!
Estavamos em Setembro de 2005 e chegados a Outubro dado que nao recebemos o salario fomos forçados a assinar por outra empresa de subcontrataçao. Eu ainda rescindi por justa causa alegando falta de pagamento, o que pelos vistos nao me serviu de nada pois o sistema de justiça portugues esta' feito de modo a premiar as fraudes e os esquemas. ”Ou sera’ que nem sequer existe? Nao sei deve andar algures entre o inexistente e o inutil”. Alem de termos ficado a berrar o dinheiro ainda servimos como arma de arremeço internamente para as guerrinhas politicas internas (comuns em Portugal, diga-se) de modo a que algumas pessoas tirassem partido da situaçao em benificio proprio. Portanto estive 6 meses noutra empresa de outsourcing a trabalhar para o mesmo sitio a' espera de encontrar alguma oportunidade no Porto. Mas assim que finalmente apareceu algo, bati com a porta sem hesitar.
2006 a 2007:
Depois de ter tido uma ma' experiencia numa multinacional resolvi aceitar um desafio aliciante, numa empresa que estava a comecar e numa area de vanguarda. Logo na primeira semana a pessoa que me tinha feito a avaliacao tecnica para que eu fosse contratado, bateu com a porta. Apesar desse primeiro mau sinal, no inicio as coisas ate' pareciam bem encaminhadas. Aproveitando a operacao de marketing do governo (o "choque tecnologico") a empresa teve bastante publicidade aquando da visita de S. Exc. o Presidente ao Rei de Espanha, pois o mesmo ofereceu um sistema de navegacao GPS para mostar que Portugal aposta na tecnologia e inovacao. Seis meses passaram e nao tive nenhuma critica durante o meu periodo experimental. Apos isso atribuiram-me uma tarefa em que eu manifestei claramente que nao tinha experiencia nenhuma e que nao me podia comprometer em prazos com o desconhecido. Claro que me esqueci que em Portugalas coisas sao impostas e nunca debatidas. No inicio deste ano os colaboradores que tinham iniciado o projecto junto com o outro elemento que se tinha demitido, bateram tambem com a porta. E sendo assim so' ficou o meu chefe, um colaborador que ele tinha contratado pois ja trabalhava ha muitos anos com ele e os estagiarios. E sendo assim ouve uma limpeza de balneario e fui "convidado" a sair. Talvez estivessem a' espera q aparecesse com uma soluçao miraculosa numa area que nao tinha experiencia ou entao trabalhasse em regime de "preto". Pois muitas vezes ouvi a frase "De dia e de noite! Depressa e bem!". E entretanto soube que colegas meus nao tinham recebido os “prometidos” premios de produtividade.
2007 ate Maio:
Ja farto deste pais e ja a pensar em sair o quanto antes, resolvi antes de tomar essa drastica decisao; tentar uma ultima, derradeira e definitiva vez na mais famosa software house de Portugal. Famosa porque tem contratos com a NASA e a agencia espacial europeia. No entanto sabia de antemao que mais uma vez ia trabalhar como subcontratado para a mesma multinacional de ha um ano atras. Mas pensava eu que uma vez la dentro depois poderia vir a trabalhar noutros projectos. Puro engano. Primeiro vi que toda a gente que estava nos escritorios do Porto trabalhava para a dita multinacional. Segundo tinhamos de trabalhar em regime de escravatura para conseguir cumprir os prazos que certas mentes iluminadas que nada percebiam do sistema, tinham definido. So' por exemplo no meu primeiro mes de trabalho trabalhei 241 h. Ou seja trabalhei os 31 dias do mes...ou se preferirem trabalhei 12 horas por dia (excluindo fins de semana). Fazendo as contas penso que ganharia mais a' hora, nas obras ("E anda um gajo a tirar um curso superior para que?"). Alem do mais, quando ficavamos ate' mais tarde, nem tinhamos direito a jantar (pratica que era comum ha alguns anos atras) e ate' cheguei a ouvir mais uma famosa frase quando alguem perguntou pelos custos dos jantares: "Ah!... Isto e' um jantar de amigos. Nao e' pago pela empresa!". E quando tinhamos de ir de proposito ao fim de semana ao escritorio, trabalhavamos de borla e ainda pagavamos as refeicoes e a gasolina. Eu sei que para compensar a cambada de inuteis que ha em Lisboa, alguem tem de trabalhar por dois! Mas tudo tem limites! Ha' 30 anos quando o meu pai trabalhava tambem era forçado a trabalhar horas a mais e sem receber por isso (parece que ja' e' tradiçao no Norte). Mas pelo menos pagavam-lhe o jantar e o taxi para casa. 30 anos depois parece que estamos pior que nessa altura. E como os tribunais nunca mais se pronunciam sobre o dinheiro que a ex-ex-ex-ex-empresa me deve, desisti de esperar e pensei: "Sei falar bem ingles, logo nao tenho que aturar esta M....". E se pensei mais depressa o fiz... Em menos de um mes tinha 3 ofertas concretas para Dublin e outra para a Holanda. Pagaram-me as viagens e a estadia so' para vir a entrevistas cara-a-cara, depois de ter passado nas entrevistas por telefone (so' nisto ja' se ve a diferença de tratamento). Sendo assim demiti-me imediatamente e contactei os RH para que me informassem qual era o tempo legal de pre-aviso. Qual nao foi o meu espanto quando me disseram "Contratos a prazo sao para ser cumpridos ate' ao fim e nao podem ser rescindidos. Mas a gente abre mao disso, pois nao queremos que as pessoas estejam contrariadas connosco. Temos e' de salvaguardar a passagem de conhecimento". Depois de me atirarem areia para os olhos eu fiquei pensativo ao telefone, do tipo: "ABREM A MAO DE QUE? Ja ouvi muitas bacoradas dos RH, mas esta bate tudo"..."Mando este gajo 'aquela parte, bato com a porta e nunca mais me poe a vista em cima?". Mas depois lembrei-me dos meus colegas e pensei que era injusto para com eles pois eles nao tinham culpa. Mas eu farto de ter problemas laborais em portugal e virem-me com lenga-lengas destas, ainda por cima estando eu num sindicato e ter uma ideia de quais as leis de trabalho. Com este tipo de atitudes, ainda mais me convenci que estava a tomar a decisao certa, pois ate' para um tipo se ir embora conseguem fazer filmes.... E como nao tenho cunhas nao perco nada em sair de Portugal, pois nao estou a usufruir do sistema de compadrio, tambem conhecido por corporativismo.
2007 desde Junho (Dublin):
Pode-se dizer que em 6 meses em Dublin, consegui o que nao consegui em 8 anos em Portugal: ficar efectivo numa empresa. Da’ para notar a diferenca?
Nao ha nada como sitios organizados! Para ja nao se tem de estar a trabalhar para o boneco como acontece em Portugal por falta de planeamento. Quantas e quantas vezes em Portugal muito do trabalho e' deitado ao lixo porque as coisas sao mal especificadas ou nem o sao sequer. Ja nao me lembro de ter uma vida tao santa desde que deixei a faculdade.
Depois as coisas nao sao impostas como em Portugal. As chefias tentar perceber as areas em que uma pessoa tem experiencia e atribuir os projectos onde essas valencias podem ser uteis. Em Portugal e' do genero: "Precisamos de um macaco para fazer isto...pim pam pum cada bala mata um...Voce e’ o elo mais fraco!".
Depois os salarios sao muito melhores que em Portugal e so se trabalha 37,5 horas semanais.
Quanto a frases feitas como o "CHOQUE TECNOLOGICO" em Dublin percebi o seu verdadeiro significado!
Choque tecnologico e' na Irlanda os salarios serem quase 3x superiores e pagar menos impostos que em Portugal.
Alem disso, aqui ha’ carreira na area de IT e e’ comum ver-se pessoas com mais de 40 anos a trabalhar em IT. Coisa inexistente em Portugal, onde ate' e' desprestigiante trabalhar em informatica. De facto em Portugal, a partir dos 35 anos torna-se muito complicado arranjar uma colocaçao em IT, isto porque os patroes preferem ter 10 ou 20 estagiarios pois e’ o governo que lhes paga os salarios, em vez de ter uma equipa experiente de 3 ou 4 pessoas. Portanto, com essas perspectivas de futuro so’ se pode tomar uma atitude: "MUNDO!!!! Antes que seja tarde".
Aqui ha' expecializaçao: SW Architects, Requirement Analysts, Release Engineers, QA Engineers, SW engineers, Team Leaders. Em Portugal um gajo e' pau para todo o servico e tudo e' feito em cima do joelho, a fazer figas e com o credo na boca. E o planeamento consiste em empurrar o trabalho a fazer pela cadeia alimentar abaixo, ate' chegar ao preto que vai ter de fazer tudo do zero. Mas que espera um gajo quando as chefias sao preenchidas pelo circulo de compadres dos “tubaralhos”?.
Aqui ha’ inumeras ofertas de trabalho que sao publicadas ate’ nos jornais. Ao passo que no Porto nem sequer se ve um anuncio nos jornais. Funciona tudo de “boca em boca, como no recrutamento para a Mafia”.
E ca' continuo eu a' espera que o tribunal portugues resolva alguma coisa em relacao ao dinheiro que me devem e que nao me pagam, passados dois anos, e pelos vistos tao cedo nada sera' resolvido. Se estivesse 'a espera que se resolvesse alguma coisa, antes de fugir de Portugal, provavelmente so' viria quando precisasse de bengala ou de arrastadeira.
Se quizerem saber mais sobre isto:
http://add.urbandictionary.com/verify.php?code=949487b8b1
Coisas boas de Portugal:
Sim nem tudo e' mau! Sempre ouvi os emigrantes dizerem que "Portugal e' bom e' para passar ferias!". Agora percebo o que querem dizer com isso. Mas ha outro cenario em que Portugal nao so' e' bom como talvez seja ate' o melhor pais da Europa. Alias Emilio Giovini (um famoso mafioso que esteve preso em Portugal), disse ha muito tempo atras que Portugal era o melhor pais da Europa para se viver, desde que se seja rico. E nao e' que ele tem razao? Nao ha nada como ouvir a voz da experiencia! Bom clima, a melhor comida do mundo, montes de lambe-botas e um sistema corrupto facilmente subornavel. "... Mas como nao tenho pais ricos, nem ganhei a lotaria..." (la' diz o anuncio).
Com as horas de trabalho a que um tipo e' sujeito nesta escravocracia conclui-se que so' e' mesmo bom para passar ferias. Paises elitistas nao sao bons para se viver, a nao ser para menos de 5% da populacao.
Eu a brincar muitas vezes dizia que Portugal e' o Brasil da europa (ate' ja' temos uma boa seleccao).
Mas um ex-colega meu do Brasil calou-me com esta frase "Nem no terceiro mundo se trabalha de borla".
E eu fiquei sem resposta.
Como tenho a sorte de estar a trabalhar num ambiente multi-nacional com pessoas de varias culturas, ainda consegui tirar mais uma triste conclusao.
Na area de IT e' facil arranjar trabalho em qualquer cidade europeia, menos no Porto. E' este o efeito pretendido do "choque tecnologico"?
Bem pelo menos a parte do "choque" esta' conseguida.
Ja' me disseram que tinha tirado o curso errado.... Sinceramente acho que tirei o curso certo, mas no pais errado!
Pois a area de IT e' das que mais riqueza cria no mundo (pelo menos no primeiro mundo).
Portanto tirem um curso superior, pesquisem na internet paises que tenham falta de pessoas qualificadas na vossa area e nem olhem para tras! Nunca foi tao facil emigrar, sobretudo agora que nao ha fronteiras dentro da UE e nao e’ preciso vistos nem grande burocracia e ainda por cima ha’ “lowcosts” em que os voos ficam ao mesmo preco de uma viagem de carro Porto-Lisboa.
Desde que nao vao parar a' Polonia ou a' Romenia, irao sempre para um pais melhor.
E mesmo estes paises, daqui a uns anos, provavelmente ja' terao passado Portugal, quem sabe?
Pois, a julgar pelas declaracoes do Min da Economia, aquando da visita a' China quando realcou que Portugal tambem era um pais de salarios baixos, parece que a estrategia brilhante do governo vai passar por esperar que todos os paises da Europa leste passem Portugal, para depois voltar a acenar a's mesmas empresas que ainda ha' pouco tempo sairam de Portugal, com os famosos salarios baixos. E ai virao eles outra vez, para explorar mao de obra barata!
Em resumo, na minha vida professional tomei duas decisoes certas:
1-inscrever-me num sindicato, por causa dos problemas laborais a que um tipo esta’ sujeito em Portugal e que se tornaram o pao nosso de cada dia
2-fugir de Portugal A.K.A. emigrar