Quando o ministro das finanças decidiu, pela Portaria n.º 1413/2007 publicada em 30 de Outubro, encerrar a repartição de finanças de Esmoriz não foi com a intenção de deixar de cobrar impostos aos esmorizenses, o que os deixaria felizes, foi antes para que uma parte maior dos custos da cobrança de impostos recaísse exactamente sobre os mesmos: para o ministro, é melhor que os contribuintes de Esmoriz e freguesias em redor arquem com os custos das deslocações (em tempo e dinheiro) a Ovar sempre que necessitem de resolver qualquer problema, quando bem se sabe, neste tempo de rebusca de impostos, quantos erros a administração fiscal tem cometido obrigando muitos contribuintes a frequentes deslocações às repartições para resolver os problemas criados por esses mesmos erros. Na contabilidade final do país, não do estado mas do país, o resultado é um enorme desperdídio de meios: o tempo e os consumos a mais dos contribuintes não são compensados, de forma alguma, pela disponibilização de instalações e pela eventual maior eficiência dos funcionários concentrados em Ovar (aparentemente nem sequer há diminuição de funcionários do quadro, pois passariam de 18 em Ovar mais 16 em Esmoriz para 34 somente em Ovar) ; mas isso não conta nem para o ministro, nem para o governo, o que lhes interessa é a contabilidade do estado e uma aparência de eficiência do mesmo. Pelos vistos, parece até que contam cobrar mais uns tostões no IPP e no IVA, função do maior consumo de combustíveis, de desgaste de viaturas e de número de viagens em transporte público que o maior número de deslocações inevitavelmente obriga. No meio surge uma promessa da abertura de uma loja do cidadão com a valência da repartição de finanças, mas sem data e não evitando, enquanto não abre, o que atrás foi descrito.
Se até agora os protestos têm sido institucionais, decerto, num futuro breve, alargar-se-ão à generalidade do povo.
(in «Luta no Porto»)
Sem comentários:
Enviar um comentário