A Greve Geral em Ovar
À semelhança de milhares de trabalhadores do Concelho de Ovar, tambem eu,
trabalhador por conta de outrem, não fui trabalhar na passada quarta-feira,
respondendo assim ao apelo da grande central sindical portuguesa, a CGTP.
Refira-se que o Sindicato Nacional dos Médicos Veterinário (onde estou filiado
com o nº 2540), apesar de não pertencer à CGTP, aderiu igualmente à greve
geral.
Apesar dos inúmeros obstáculos que condicionam hoje fortemente e cada vez mais o
livre exercício do direito à greve (precaridade, componente variavel do salário
e agora esta novidade dos serviços mínimos que mais parecem máximos), a verdade
é que a greve geral esteve inequivocamente presente no nosso concelho atingindo
uma expressão muito significativa em diversos serviços camarários, nos SMAS, no
Hospital, no Centro de Saúde, no Cartório e no Registo Civil, nas escolas e em
muitas empresas do sector privado (Provimi, Sika e outras).
Para além dos números da greve, sempre desvalorizados pelo Governo e pela
Comunicação Social ?dominante? que, significativamente, não analisa ou sequer
refere os dados da CGTP disponíveis na internet (www.cgtp.pt), importa
sublinhar a forte adesão popular a esta greve, expressa nos muitos milhares de
contactos realizados nas empresas, nos mercados e até em alguns estudos de
opinião que foram sendo publicados ao longo do período preparatório da greve.
Ou seja, esta grandiosa greve teve e tem na sua base fortíssimas razões
objectivas das quais destacaria três que me parecem fundamentais:
A precaridade laboral que já é das mais elevadas da europa e que poderá
avançar para um novo e muito mais gravoso patamar com a anunciada
flexissegurança?;
A desigualdade na repartição da riqueza num país onde os trabalhadores são
constantemente penalizados no seu rendimento ao mesmo tempo que a banca e as
grandes empresas acumulam lucros obcenos à luz dos salários que se praticam;
Finalmente, a degradação de serviços públicos essenciais, designadamente ao
nível da saúde, mas tambem na educação, justiça etc...
Nesta medida, a Greve Geral não é nem nunca foi um fim em si mesmo. Representa
antes mais uma etapa de uma longa luta que irá necessariamente continuar,
porventura em condições cada vez mais difíceis, mas na qual os trabalhadores
começam a reconhecer quem de facto está ao seu lado, na luta por melhores
condições de trabalho e por uma sociedade mais justa. Como é usual em todas as
greves, muitas foram as vozes que cedo se manifestaram contra,
pseudo-sindicatos incluídos. Para estes, o melhor era nada fazer, deixando o
Governo levar a água ao seu moinho, congelando salários, aumentando os
impostos, encerrando serviços de urgências e escolas por todo o país, ou
preparando na calada da noite a liberalização total dos despedimentos. Podem
espera sentados. O que os trabalhadores e o País precisam são de sindicatos
fortes, unidos e consequentes na sua acção. Parabéns à CGTP, seus dirigentes e
activistas!
Ovar, 2 de Junho de 2007
Miguel Viegas
Membro da Comissão Concelhia de Ovar do PCP
2 comentários:
DISCORDO!
Entre outras razões, por ISTO
Melhores cumprimentos,
Cheguei por acaso a este texto e, ao contrário do amigo laranjada, só posso dizer que concordo plenamente!
Não podemos deixar que em nome de um suposto "desenvolvimento" tenhamos tudo o que não significa progresso: mal-estar social, precariedade, baixos salários e grandes lucros apenas nas mãos dos grandes grupos económicos. Se não nos mexermos, ninguém o fará por nós.
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