Classificações do carnaval
geram críticas e contestação
O carnaval de Ovar acaba sempre em alegria para uns, os que vencem, e em tristeza para outros, os que embora querendo ganhar não o conseguem. É assim em todo o lado onde o modelo da folia é idêntico ao vareiro, com um júri a votar subjectivamente os grupos carnavalescos, de passerelle e as escolas de samba, mediante os seus gostos e padrões. Todavia, em Ovar e dada a grandeza dos festejos, a vitória em cada uma das categorias é festejada de forma eufórica, enquanto que as decepções classificativas deixam os foliões desolados.
Um dos grupos mais inconformados com a classificação deste ano são os «Zuzucas» que, no final, se quedaram pelo sétimo lugar na categoria dos carnavalescos. Renato Santos, um «zuzuca» contactado pelo Diário de Aveiro, considera a posição em que ficou o seu grupo, «altamente injusta», já que a generalidade dos observadores o dava como um dos prováveis vencedores. Ele conta que este ano pôde, pela primeira vez, observar o que se passa nas classificações. «Penso que os jurados não têm noção, nem se aperceberam do trabalho que tivemos e devem ter estado nas marchas de Lisboa ou noutro sítio qualquer e não no carnaval de Ovar», ironiza. Na sua perspectiva, «não há coerência quando um júri nos dá seis pontos no item cor e dá oito a um outro grupo que não se nos podia comparar», critica. Mas há mais incongruências: «Gostaria de saber porque é que um júri nos deu mais pontuação na terça-feira no item confecção do que no Domingo? Não se percebe...» O folião não se fica por aqui, questionando ainda «o que é que os senhores jurados entendem por alegoria, porque a pontuação que nos deram só pode ter sido por a terem confundido com a viatura ligeira que abria o nosso cortejo», enfatiza.
Desalentado, este elemento dos «Zuzucas» diz que assim não vale a pena andar no carnaval, «porque não houve, pelo menos, consideração pelo nosso labor e dedicação».
Do lado das escolas de samba, o descontentamento da «Costa de Prata» também ficou bem patenteado. Artur Silva, responsável pela escola, lamenta a «falta de coerência dos júris, evidente nos três dias de votação nos vários requisitos e no final, quando devíamos ganhar, para não ficarmos em terceiro arranjaram a solução de um segundo lugar ex-aequo». «Afinal de contas, parece que fomos levados ao colo e quase ficamos sem palavras», acrescenta.
O presidente da direcção da «Costa de Prata» acha que existe uma «clubite exagerada» que resulta sempre na vitória da mesma escola e nos grupos que gira também sempre em torno dos mesmos. «Os outros para conseguirem lá chegar têm que trabalhar em dobro», sentencia Artur Silva. Tanto o sambista como o carnavalesco são unânimes na afirmação de que «estas classificações não nos conseguem vencer».(«Diário de Aveiro»)
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