Entre Furadouro e Vieira de Leiria
80 animais já deram à costa este ano
Um boto juvenil (cetáceo parecido com o golfinho) deu à costa, ontem, por volta das 12h30 horas, na praia de Buarcos, mas acabou por morrer uma hora depois. De nada valeu a pronta intervenção e os esforços dos técnicos do Centro Regional de Intervenção de Quiaios (CRIQ), que só este ano já resgataram, entre o Furadouro e Vieira de Leiria, 80 animais (golfinhos, baleias, botos e tartarugas).
«"Quando os animais dão à costa, muito dificilmente escapam com vida. Se 5% deles sobreviver, já é muito. Normalmente não resistem. O arrojamento é sinal de que há problemas. Alguma doença ou ferimento», explica a bióloga Marisa Ferreira, do CRIQ.
A investigadora, que fez a necropsia do boto (fêmea) capturado em Buarcos, diz que a morte do animal se deveu a subnutrição. «Encontrámos o boto demasiado magro e com sinais evidentes de hipotermia. Pesava apenas 17 quilos, o que, para um cetáceo com um ano, é muito pouco», sublinha a bióloga.
Na verdade, um boto nasce com cerca de sete quilos, mas, depois, na fase adulta, pesa entre 85 a 160 quilos e mede entre 1,8 a 2,5 metros de comprimento. Estes animais são normalmente solitários ou encontrados aos pares com a mãe. São nadadores lentos, que atingem velocidades de 23 km/hora.
O aparecimento de golfinhos e outros mamíferos ao largo da costa entre Ovar e Pedrógão tem aumentado. Veja-se que, entre 1999 e 2000, a Rede de Apoio a Mamíferos Marinhos (RAMM), organismo tutelado pelo Instituto de Conservação da Natureza (ICN), resgatou 99 golfinhos e, só nestes dez meses decorridos em 2004, já foram contabilizados 80 cetáceos capturados.
Na opinião de José Vingada, da RAMM, «o arrojamento de animais, na Figueira da Foz, deve-se ao facto de ser uma zona com uma elevada carga piscícola».
Marisa Ferreira recusa a ideia de que os pescadores matem deliberadamente os mamíferos. «Não acredito nisso, embora, às vezes, alguns golfinhos mostrem sinais de lesões resultantes da luta dos animais com essas redes. Mas os pescadores só têm a perder, porque as reparações no material de pesca são muito caras e, para além do mais, esse tipo de incidentes prejudica-lhes o sucesso da faina«, defende a bióloga.
Se detectar algum mamífero ao largo da costa ou no areal da praia, não hesite em ligar para o número nacional de socorro (968849101) ou para a Polícia Marítima.
Sem comentários:
Enviar um comentário