sexta-feira, dezembro 08, 2023

O Dia Nacional para a Igualdade Salarial em Portugal, 14 de novembro, passa muitas vezes

despercebido, contudo a desigualdade salarial entre homens e mulheres persiste, apesar de

ser um princípio consagrado na constituição e no código de trabalho.

Dados da União Europeia indicam que as mulheres ganham, em média, 13% menos do que

os homens que desempenham a mesma profissão e quando analisamos o panorama global,

percebemos que este fosso salarial diminuiu apenas 2,8% na última década.

Uma das raízes da desigualdade salarial reside no quadro cultural. Historicamente, as

mulheres estavam associadas a papéis domésticos resultando numa subvalorização do seu

trabalho. Mudar essa perceção é crucial para criar uma sociedade mais igualitária, onde o

valor do trabalho é independente do sexo da pessoa. Além disso, estereótipos de sexo

continuam a influenciar as escolhas de carreira. Muitas mulheres são direcionadas para

profissões que, historicamente, pagam menos, enquanto os homens são incentivados a

procurar carreiras mais lucrativas.

Outro fator significativo é a disparidade das licenças parentais e as interrupções na carreira

que muitas mulheres enfrentam. Enquanto é essencial reconhecer e apoiar as

responsabilidades parentais, é igualmente importante garantir que essas responsabilidades

não resultam em penalizações financeiras ou barreiras à progressão na carreira da mulher.

É, igualmente, necessário reexaminar as políticas de licença parental, promovendo uma

distribuição mais equitativa entre homens e mulheres.

Igualmente importante é a transparência salarial para possibilitar a identificação e correção

da disparidade salarial entre sexo. Iniciativas que exigem a divulgação de informações

salariais podem promover uma maior justiça remuneratória e responsabilizar as empresas

por práticas discriminatórias. Também a legislação pode desempenhar um papel mais ativo

através de leis que proíbem a discriminação salarial com base no sexo, bem como a

implementação de políticas públicas que incentivem a equidade.

Por fim, a falta de representação feminina em cargos de liderança é outra barreira para

maior igualdade. Ao promover a diversidade em todos os níveis hierárquicos, podemos

garantir que as decisões fiquem mais equitativas e reflitam uma variedade de perspetivas.

Assim, embora os desafios sejam, ainda, significativos, é possível superar a desigualdade

salarial, sendo fundamental a consciencialização, educação e ação coletiva para reforçar a

justiça social e fomentar o desenvolvimento sustentável.

A sociedade, as empresas e os indivíduos têm um papel a desempenhar na construção de

um futuro mais equitativo. Ao desafiar estereótipos, promover políticas inclusivas e exigir

maior transparência, podemos criar um ambiente onde homens e mulheres sejam

valorizados de acordo com o mérito das suas contribuições.

Diogo Fernandes Sousa

Professor do Instituto Politécnico Jean Piaget
https://www.ovarnews.pt/?p=76311

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