domingo, dezembro 24, 2023
Em Ovar, a actividade de sinaleiro remonta aos primeiros anos da década de 1940 do século passado. A referida função era, então, desenvolvida por homens de condição humilde, como engraxadores de calçado, pescadores, reparadores de guarda-chuvas, ajudantes de alfaiate e de picheleiro, e por pessoas sem profissão.
Quem frequentava as principais ruas do centro de Ovar, recorda, ainda hoje, com saudade, algumas dessas figuras, os "cabeças de giz" que, no cruzamento da rua Dr. Manuel Arala com a rua Cândido dos Reis e a Praça da República, desempenhavam as funções de sinaleiro.
Com a instalação da Polícia de Segurança Pública (PSP) em Ovar, no início da década de 1970, o tradicional sinaleiro acabou. Tal como a foto ilustra, era então costume colocar-se uma árvore de Natal junto à Casa de tecidos e retrosaria do António Folhas, árvore essa que permanecia desde o início do mês de Dezembro até meados de Janeiro do ano seguinte.
Em redor da árvore de Natal, os sinaleiros iam recebendo e colocando as ofertas que recebiam, nesse período, de empresas, casas comerciais e pessoas individuais, e que, normalmente, se traduziam em bolos, bolachas, garrafas de vinho do Porto Rainha Santa, garrafas de Anis, Brandy Constantino, vinho espumante, Aguardente, Ponche e Brandy Macieira.
A ideia partiu do Automóvel Clube de Portugal que, na década de 30 do séc. XX, lançou uma campanha nacional intitulada "Natal do Sinaleiro", que se tornou muito popular nas décadas seguintes, com o apoio do Jornal "Diário de Notícias" e de o Jornal "O Século". Na capital, com outro poder de compra, as ofertas dos cidadãos eram de todo o tipo: Garrafas de azeite, porcos, bacalhaus, garrafões de vinho, sacos de batatas, etc.
Como mera curiosidade, em 1962 um sinaleiro ganhava 20$00 (escudos) por dia, em Janeiro de 1974 auferia 50$00, e, logo após o 25 de Abril de 1974, passou a auferir 110$00 diários.
Fonte: Orlando Caió in Jornal João Semana, de 01/01/2008, foto reproduzido por "OvarMemórias"
https://www.ovarnews.pt/quando-o-sinaleiro-tinha-um-natal-so-dele/
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