quinta-feira, outubro 06, 2005

Maceda
Empresária montou cilada
para apanhar ladrões


Elsa Alves, proprietária de uma academia de estética e um salão de cabeleireiro em Maceda, espera que outros lhe sigam o exemplo e não temam os assaltantes, “porque os homens são como os cães, se pressentirem medo atacam, quando mostramos confiança eles acobardam-se”.
Tudo começou depois de um assalto à academia e salão de cabeleireiro e estética, na madrugada do passado dia 30 de Agosto. Entre o vário material furtado, segundo ela, avaliado em cerca de 5 mil euros, estava um computador portátil, que foi o fio condutor para uma investigação levada a cabo por ela própria.
Elsa Alves, 32 anos, resolveu “lançar o isco”, aproximando-se de um grupo, temido na freguesia, e que está referenciado com os vários assaltos que ali ocorrem. “Disse-lhes, que não os tinha como suspeitos, mas se soubessem quem foi, que me assaltou, para lhes dizerem que estava disposta a pagar para reaver o que era meu”, diz.
Na passada segunda-feira, cerca das 23 horas, depois de terminada mais uma aula, saiu para despejar o lixo e cá fora viu o seu principal suspeito. Chamou-o e lançou-lhe o mesmo “isco”. O jovem, toxicodependente de 21 anos, disse que não sabia quem foi, mas questionou se tinha importância que tivessem apagado tudo do computador. “Ora eu nunca falei em computador, por isso era ele, tinha a certeza”.
"Sei onde estuda a sua filha"
Foi marcado um encontro para o dia seguinte (terça-feira) de manhã, para fazer a troca do dinheiro pelo computador, na academia onde estavam também as alunas que iriam servir de testemunhas. “Vim cá para fora, enquanto as alunas estavam a ouvir do outro lado da porta”, conta. Só que o alegado assaltante não trazia o computador, mas queria o dinheiro, levando Elsa Alves a dizer que já não queria nada e não lhe dava dinheiro. Nessa altura, irritado, e num tom ameaçador, o criminoso disse-lhe: "Tens uma filha e eu até tenho a fotografia dela, está de camisola cor-de-laranja numa sala; Sei em que colégio anda, a que horas sai, e a que horas chega a casa, por isso cuidado, porque se eu quiser vou buscá-la”. Perante esta ameaça, a vítima concordou em pagar o dinheiro pedido, 250 euros para o receptador e 50 euros para ele, mas pediu para não fazer mal à filha.
A cilada
Cerca das 13 horas, chega um outro cúmplice, que lhe pediu 30 euros, e em troca mostrou-lhe todos os locais onde viviam os cúmplices e onde guardam os produtos dos furtos. Na presença dele telefonou à GNR, simulando uma conversa como se as autoridades não estivessem interessadas no caso, dando confiança ao assaltante que lhe estava a extorquir dinheiro. À tarde o primeiro dos assaltantes voltou, mas na altura, entre as alunas estava também uma agente da GNR de Esmoriz. A história voltou a repetir-se, mas desta vez o criminoso ia agredir Elsa Alves, quando a militar da GNR entrou no escritório apontando-lhe a arma e algemando-o de seguida.
Quando tudo parecia terminado, cerca de 15 minutos depois, chega o segundo dos criminosos, a quem Elsa Alves já tinha dado 30 euros. “Tentei empatá-lo, enquanto, uma das alunas, na sala ao lado telefonava para a GNR”, conta. Minutos depois chegavam os agentes do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) de Ovar que também o detiveram. («Comércio»)

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