terça-feira, maio 31, 2022
O Dia Nacional do Mutualismo celebrou a força dos 846 anos do movimento mutualista em Portugal e permitiu lançar um olhar sobre o seu papel na nova Europa saída da pandemia e a braços com a guerra na Ucrânia.
"Não vivemos à sombra da História. Temos presente e futuro", realçou o Presidente da União das Mutualidades Portuguesas, Luís Alberto Silva, na sessão de encerramento do evento que decorreu em Vila Nova de Gaia, sublinhando o papel insubstituível das mutualidades na complementaridade de segurança social e da prestação de cuidados de saúde e proteção social das crianças, dos idosos e dos mais vulneráveis.
"Este papel nem sempre tem sido compreendido e reconhecido pelo Estado e pelos decisores políticos" – afirmou Luís Alberto Silva, manifestando a sua preocupação com a sustentabilidade das entidades da economia social e propondo, por exemplo, a consignação de uma parte das receitas do jogo e a redução da taxa de IVA que recai sobre as empreitadas no âmbito das obras destinadas às suas atividades estatutárias.
O Secretário de Estado da Segurança Social, Gabriel Bastos, garantiu que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social está empenhado em continuar a trabalhar de forma muito próxima com o setor das mutualidades e apontou como principais desafios "o alargamento da cobertura e a qualidade dos serviços prestados".
O papel o mutualismo na nova Europa social foi o tema da conferência que abriu as comemorações. O eurodeputado Paulo Rangel e o ex-ministro da saúde Adalberto Campos Fernandes enfatizaram os desafios da nova Europa no âmbito do Pilar Europeu dos Direitos Sociais e nomeadamente com a necessidade de atender a questões como as migrações e da emergência alimentar. E, neste quadro, recordou Filipe Almeida, presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social, abrem-se novos horizontes à inovação social para dar resposta a novos problemas como o envelhecimento da população, a conciliação da vida profissional e familiar e a integração de migrantes.
Juan Pedreño, presidente da Social Economy Europe, que não podendo estar presente, enviou um depoimento registado em vídeo onde destacou a importância do "momento impressionante das políticas públicas a favor da economia social", referindo-se ao plano de ação europeu para a economia social recentemente aprovado.
Distinções mutualistas
A entrega dos Prémios Mutualismo 2022 foi outro dos momentos importantes do Dia Nacional do Mutualismo. O Primeiro-Ministo português, António Costa, foi distinguido com o Prémio Cidadania e Solidariedade pelo seu papel no combate à pandemia e a centralidade que tem atribuído à economia social em Portugal. O Prémio Mutualismo e Solidariedade foi atribuído a Juan António Pedreño, pelo seu empenhamento na revitalização e afirmação da economia social na Europa e na defesa dos valores da solidariedade, igualdade, cidadania e inclusão.
O Prémio Mutualismo e Solidariedade distinguiu dois dirigentes mutualistas: José Carvalho, Presidente da ASM dos Artistas Vilafranquenses, pelo seu percurso de vida marcado pelo trabalho em prol dos mais vulneráveis, e, a título póstumo, a Luciano Seromenho, presidente da ASM Protetora dos Artistas de Faro, pelo trabalho a favor da comunidade da sua região e da instituição que dirigia.
Prémios Inovar Para Melhorar e Trabalhador do Ano anunciados
Os prémios instituídos pela UMP para distinguir o projeto com marca de inovação mais relevante e o vencedor da votação do concurso Trabalhador do Ano são sempre momentos importantes do dia.
Nesta sessão, o projeto Casa Moura, da Mutualista Covilhanense, foi anunciado como o vencedor do Prémio Inovar Para Melhorar. Foi a decisão do júri, constituído por Eduardo Graça (CASES), Filipe Almeida (Portugal Inovação Social) e Pedro Portugal Gaspar (ASAE), que avaliou os cinco projetos submetidos. Casa Moura é um projeto de acolhimento e integração de jovens migrantes sem acompanhamento familiar.
A candidatura ao Prémio Trabalhador do Ano mais votada no site mutualismo.pt foi a protagonizada por Susana Neves, trabalhadora do Legado do Caixeiro Alentejano.
846 anos de mutualismo revisitados
O Dia Nacional do Mutualismo ficou marcado por um momento evocativo, que foi dinamizado por dois reputados académicos: Deolinda Meira (ISCAP-Porto) e Álvaro Garrido (Universidade de Coimbra. Foi durante este momento evocativo, que Álvaro Garrido apresentou o livro "Breve História do Mutualismo em Portugal", uma edição da UMP, que descreve os 846 anos do movimento mutualista, com especial relevo nos séculos XIX e XX. A sessão de autógrafos encerrou as comemorações.
https://www.ovarnews.pt/?p=62848
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