O Euro em grande
Foi na TVI (mas manda a verdade que se diga que tem acontecido em todas as televisões): num directo de Basileia, pouco depois das 22h00, algumas dezenas de adeptos portugueses gritavam, gritavam, gritavam, atropelando-se para serem vistos pela câmara. Ou seja: a histeria "normal" que nos querem impor como modelo de comportamento. O que fez a diferença foi o genial lapso da repórter. Disse ela: "Quando se liga a câmara, é isto!"
Importa agradecer-lhe. De facto, há décadas que estudiosos e analistas do fenómeno televisivo vão mostrando que, nas suas versões mais populistas, a televisão se transformou num indutor de acontecimentos — em vez de os observar, promove-os; em vez de deles se distanciar, provoca-os e intensifica-os. Como é óbvio, a maioria dos responsáveis pelas programações repudia tal visão das coisas, não poucas vezes menosprezando-a como produto supérfluo do trabalho de perigosos intelectuais (e é sabido como, em Portugal, se continua a cultivar a palavra "intelectual" como uma forma de insulto). Desta vez, porém, não se tratou de uma interpretação exterior, mas sim de uma prova interior — foi um grande momento de televisão. Assim como o foi um outro em que o repórter da RTP dizia, à partida do avião da selecção para a Suiça: «Estão aqui milhares de pessoas para este último adeus à selecção».
Resta dizer que, felizmente, o aparelho não caiu.
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