Uma achega de tomo para a história
da Igreja Matriz de Ovar
TEXTO: M. Pires Bastos
Da actual Igreja Matriz de Ovar conhecem-se dois projectos anteriores ao definitivo.
Do primeiro, de 1804, se escreveu no número anterior. Hoje apresentamos o segundo, pouco posterior a 1830, que a gravura anexa reproduz.
A segunda versão do projecto – «Elevação da Fachada para a nova Igreja de São Cristóvão d’Ovar» –, apesar de muito mais recente (a letra de água gravada no papel indica 1830, pelo que deve ter sido feita no início dessa década), é, certamente, do mesmo autor do antecedente (Luís Inácio de Barros Lima). Pelo menos seguiu as mesmas ideias arquitectónicas, que desenvolveu com a criação de mais janelas e a adaptação dos ornatos do portal e do nicho para a imagem do Padroeiro (do século XV e que, portanto, deveria vir já dos templos anteriores). Atente-se na nova proposta das cúpulas das torres, proposta que virá a ser aproveitada na versão definitiva.
Dado que o projecto final, pouco posterior a este, sofreu novos e importantes acrescentos, dando ao templo a imponência e a harmonia que hoje se lhe reconhece, é lógico concluir que para isso terão surgido razões de grande peso.
Qual o verdadeiro autor da alteração? O próprio arquitecto, ou seus continuadores, por razões estéticas? O brio dos vareiros responsáveis, não satisfeitos ainda com a pouca imponência da nova Matriz? O Governo, logo que entrou na liça, ao ser oficializada a comparticipação do real da água? Não o sabemos.
Como não sabemos se foi o frontispício que aumentou para acompanhar o aumento da Igreja, ou se, pelo contrário, o corpo da Igreja foi elevado para corresponder a um projecto mais ambicioso.
Podemos admitir que a decisão da mudança do frontispício esteja ligada com a decisão de altear o templo antigo, de que se quiseram aproveitar os alicerces e materiais (cf. P.e Manuel Lírio, obra cit., pág. 15). E isto tanto pode ter acontecido por 1933/34, antes de se iniciar a construção do corpo da Igreja, como durante a feitura do mesmo. (Segundo o P.e Lírio, em 1934/35 as obras avançavam normalmente com o alteamento das paredes e das colunas).
Com o contrato das torres e do coro só foi feito em 1836, tudo leva a crer que as «graves desinteligências entre os contratantes» surgidas de imediato (P.e M. Lírio, obra cit.) estão relacionadas com esse aumento.
As principais novidades do traçado definitivo em relação com o anterior residem na inserção de janelas nas torres e no acrescentamento de um grande espaço central entre os relógios e a zona sineira.
(in «Artigos do João Semana»)
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