terça-feira, julho 18, 2023
Encontramo-nos hoje perante uma sociedade que nos faz reflectir. Vivemos na actualidade, em todas as actualidades, o absurdo de um mundo estranho e pouco humano, na barbárie, na intolerância e no desprezo pela vida humana. Num mundo assim, a vida parece um fragmento sem sentido, um pedaço de papel rasgado e atirado ao acaso num dia de chuva, que não estando contextualizado com outros pedaços deixa de fazer sentido. Assim é a vida de alguns, assim é o mundo. Antagonismos existenciais!
Existir é antes de mais viver. Porém, há que ter a noção da finitude, a noção do quão absurdo se torna viver num dia-a-dia inconsequente. Existir é agir no mundo. Traduz-se em pequenos gestos e movimentos, numa rectidão de espírito. É ter a noção de que a vida é breve e, como tal, torna-se necessário tentar superar alguns dilemas e algumas decisões. A existência nem sempre é fácil nem tão pouco linear, em virtude de alguns indivíduos não se reverem nalgumas sociedades com assimetrias inqualificáveis.
Reflito sobre este conceito, o absurdo, e sou remetido de imediato para a minha velha cidade neste mundo que é a minha terra. Cidade de grande beleza, mas de grandes contrastes e assimetrias. Uma cidade temporalmente parada no tempo e com medidas políticas muito dúbias!
No domínio da saúde existe um Hospital com algumas valências, mas sem um serviço de urgência. A saúde de uma população depende de questões político-partidárias. Contudo, os impostos dos cidadãos são pagos todos os meses a esse polvo ineficaz, corrupto e imenso que é o Estado. Inércia? Jogos de poder? Talvez! Assim caminha este meu país e esta minha velha e adorável cidade.
Em relação à justiça o absurdo é em tal dimensão que chega a ser dramático! Porém, e regressando à minha cidade verifico mordomias de um qualquer Estado Rico e Poderoso. Por que motivo os juízes têm estacionamento privativo? Não ganharão os juízes o suficiente para pagar o seu estacionamento? Quer queiramos quer não, todos os cidadãos são comuns, dentro deste Estado arcaico, medieval e provinciano que é o nosso. Que legitimidade tem uma Câmara Municipal de se apropriar de um espaço que é publico para proveito de uma classe?
O mundo é belo, mas também se torna absurdo, pelo facto de ser incompreensível e inatingível, momentâneo e fugaz.
Ao acreditarmos apenas nos homens, ou melhor, ao acreditarmos cegamente nalguns homens, corremos o risco de nos revermos num novo tipo de deuses, num excesso de subordinação civil, moral, legal e intelectual baseada em sistemas doutrinários e abstractos.
Somos seres incompletos! No entanto, já que cá estamos, e nunca deixando de ter em mente uma perspectiva minimamente igualitária, torna-se fundamental uma moral da revolta. Laica quanto baste. Existencial quanto nos satisfaça.
Sérgio Lamarão Pereira (Ovar)
https://www.ovarnews.pt/absurdo-por-sergio-lamarao-pereira/
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