quinta-feira, maio 04, 2023
A 22.ª edição do Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira arranca a 25 de maio com 37 projetos que, envolvendo 350 artistas de 12 nacionalidades, têm em comum o tema “Sonho”. Orçamentado em 495.000 euros, o evento apresentará até 28 de maio 130 horas de conteúdos gratuitos.
Em declarações à Lusa, o vereador da Cultura nessa autarquia do distrito de Aveiro, Gil Ferreira, afirma: “Não podia ser mais assertiva a escolha da temática, num ano repleto de desafios e de profundas mudanças sociais a nível mundial. Nunca foi tão necessário sonhar e esperar a concretização dos sonhos”. Para Gil Ferreira, o festival levará assim diferentes manifestações da criatividade humana a vários espaços do centro histórico da cidade, o que constituirá uma oportunidade para o público “desenvolver capacidade crítica, gosto estético e uma nova apreciação pelas mais diversas formas de expressão cultural”.
Uma das grandes produções do programa principal será “Aigua”, um espetáculo de “poesia visual” que, materializado a 10 metros de altura, num cabo estendido sobre a Praça Gaspar Moreira, combina dança aérea e acrobacia numa “metáfora da passagem do ser humano pelo planeta”. A performance é da companhia catalã Xa Teatre e Gil Ferreira descreve-a como “uma obra subtil” sobre cuidado e preservação”.
Outra proposta que gera expectativa é “Bulle à Bulle”, que resulta de uma residência artística que o coletivo espanhol Enlaire fez na Feira e que estará em cena no Cineteatro António Lamoso, também com entrada livre, mas implicando reserva prévia de bilhete. Água, sabão, música e teatro cómico são os principais elementos do espetáculo que, juntando o mimo Pep Bou e o artista Martín Cattani, reflete “40 anos de experimentação com o mundo da Física e da Química”.
Em grande formato, para a multidão noturna já habituada a espetáculos com gruas na eira do Orfeão, está previsto “Cristal Palace”, da companhia francesa Transe Express. “Um lustre monumental, especialmente concebido para a rua, transformará o espaço público num salão de festas suspenso, com pista de dança, bar, orquestra e acrobatas”, revela Gil Ferreira.
Por terra, mas em fatos cor-de-rosa bem insuflados com ar, exibir-se-ão os chamados “gonfles” (traduzíveis como inchaços ou “inflados”) da performance itinerante “La Grande Phrase”, da Companhia Didier Théron. A sinopse dessa criação francesa diz que essas figuras de anca larga, a lembrar a Venús de Willendorf, podem intervir em “lojas, carros, varandas e cafés”, pelo que avisa: “Não respeitam o espaço público ou privado, nada lhes é proibido e aceitamos de bom grado esta interrupção no nosso quotidiano, saindo dele muito mais leves e felizes”.
Igualmente itinerante é a parada “World of Wonder/Mundo da Maravilha”, com que a italiana Associazione Teatro Per Caso leva os seus artistas a percorrerem em andas várias ruas da cidade, animando-as com pássaros iluminados de mecânicas asas brancas. No mesmo espírito, embora com maior diversidade cromática, a Orquestra Al-Fanfare, do Algarve, fará desfilar pelo centro histórico da Feira “a sonoridade e o ritmo dos Balcãs”, com incursões noutros domínios musicais como o Dixieland e os acordes latinos.
Além da programação principal, o Imaginarius 2023 integra ainda um cartaz vocacionado para o público infantil, com propostas da companhia portuguesa Nau dos Sonhos, da italiana Woow e das espanholas Enlaire, Jam e La Trócola Circ.
Encomendas específicas do festival a criadores portugueses são cinco: “Roda Viva”, de Inês de Carvalho em parceria com o coletivo belga Tu Parles Trop; “Ponto de Partida”, pelo Instituto Nacional das Artes do Circo; “Pescadores da Lua”, da companhia Seistopeia; “Kefalé”, do Teatro em Caixa; e “Sons do Fijô”, que reúne as quatro bandas filarmónicas de Santa Maria da Feira (de Vale, Lobão, Arrifana e Souto). A essas criações próprias junta-se ainda “Perspetive’s Gravity”, da artista eslovena Danijela.
Do evento também faz parte a rubrica “Mais Imaginarius”, dedicada a divulgar artistas emergentes de todo o mundo. Os candidatos são selecionados por um júri especial e recebem apoio da organização ao nível de viagens e estadia, mas atuam sem remuneração, cabendo ao público votar no melhor dos 18 artistas convidados e assim conferir-lhe oportunidade de desenvolver uma criação própria para a edição de 2024.
O festival integra ainda sessões de ‘pitching’ para profissionais e estudantes dos setores das artes, assim como um roteiro pelos “Sabores Imaginarius”, a que cinco restaurantes se associaram com menus que, a partir de produtos endógenos sazonais, “revelam gastronomia de autor com especial criatividade”.
Saiba mais aqui
https://www.ovarnews.pt/o-sonho-comanda-o-37-imaginarius/
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