sexta-feira, fevereiro 29, 2008

20.º Aniversário da TSF
Incêndio no Chiado, um episódio determinante
na história da rádio e dos seus jornalistas


De Timor ao Koweit foram vários os momentos que marcaram os jornalistas da TSF, mas o incêndio do Chiado foi sem dúvida o que catapultou a rádio para a fama e lhe valeu a conquista de milhares de ouvintes.
A TSF nasceu em Fevereiro de 1988 e numa madrugada de Agosto desse ano deu-se o devastador incêndio do Chiado, que um jornalista da TSF, Nuno Roby, viu por acaso da janela, quando combatia uma insónia.
Tendo sido o primeiro a dar conta do que se passava, a TSF foi a primeira rádio a dar a notícia e em poucos minutos vários repórteres estavam já mobilizados.
"Nós abrimos e passado pouco tempo houve o incêndio. A estação era pouco conhecida, mas como começámos a dar a notícia e não fizemos outra coisa senão acompanhar todas faces que se prendiam com o incêndio, nesse dia ganhou milhares de ouvintes", recorda Emídio Rangel, fundador da TSF.
"Os que já sabiam qual era o perfil da TSF ligaram logo a rádio quando o dia nasceu. Os que não conheciam foram sendo avisados pelos outros e de repente a cidade toda estava a ouvir a TSF, porque era a única estação permanentemente em directo".
Emídio Rangel recorda o grande trabalho dos jornalistas no Chiado, um verdadeiro pingue-pongue entre repórteres que não paravam, que descreviam minuciosamente tudo o que estava a acontecer, de forma "emocionante, forte e marcante", tendo abdicado do almoço e muitos do seu dia de folga, como aconteceu com Elizabete Caramelo, que nessa manhã se levantara cedo para ir para a praia.
"Foi o grande momento em que a TSF descolou", afirma, recordando que ligou a rádio mal saiu da cama e ouviu o jornalista Sena Santos a chamar os repórteres para a antena.
"Não havia telemóveis e Sena Santos dizia na rádio: 'peço a todos os jornalistas que se dirijam para a zona do incêndio'. Chegámos a ser à volta de dez. Houve uma grande mobilização dos jornalistas que iam chegando na sequência do apelo".
Não foi, porém, o caso de José Manuel Mestre que já estava escalado para entrar na rádio às seis da manhã.
"Estava a acordar para ir trabalhar. Estava na cama aquele bocado antes de levantar e ouvi a notícia de que o Chiado estava a arder. Sete minutos depois estava lá. Às 05:40 já estava em directo a partir de uma cabine telefónica no Largo da Misericórdia. Guardo aquela imagem de ver tudo a arder e a sensação de que nunca mais ia parar".
José Manuel Mestre tinha o hábito de guardar moedas de 25 escudos em caixas de rolo de fotografia e tinha quatro ou cinco tubos desses por cima da cama. Foi o que lhe valeu para os vários directos feitos a partir de cabines telefónicas. Algum tempo depois, já os dois tubos que guardara no bolso tinham desaparecido.
A TSF esteve em Ovar no dia 21 de Março de 2001, dia das maiores cheias da história vareira, que causaram a morte a um homem.
A TSF marca-me todos os dias. Parabéns TSF!

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