quinta-feira, agosto 03, 2023

Habitação para Professores Deslocados - Por Diogo Sousa
Recentemente o IHRU e a DGAE assinaram um protocolo que visava garantir habitação a

professores deslocados.

Esse mesmo protocolo foi entendido como um ponto positivo, tanto para o Ministério da

Habitação como para o Ministério da Educação, uma vez que procurava responder a um

problema significativo de cada ministério.

Na parte da Habitação, iria constituir um aumento da habitação com renda acessível,

enquanto, na parte da Educação, era percebido como um passo em frente para contrariar a

expressão “casa às costas” e um dos grandes problemas dos professores, a dificuldade de

encontrar alojamento de forma rápida e acessível aquando da sua colocação.

Perante tal importância do programa para ambos os ministérios, é imperativo perceber o

que constituí o protocolo que foi assinado, sendo que o seu conteúdo dá a entender que a

expressão “a montanha pariu um rato” é novamente a expressão correta para simbolizar

medidas deste Ministério da Educação.

Isto porque, num universo superior a cento e cinquenta mil professores, onde dezenas de

milhares se encontram deslocados da sua residência ou a percorrer distâncias superiores a

cento e vinte quilómetros por dia, os ministérios conseguiram chegar a um entendimento

relativamente a quinze habitações em Portimão e catorze habitações em Lisboa.

Portanto, quando a Ministra da Habitação alegou, no seguimento da apresentação do

protocolo, que a política de habitação era universal, mas devia ter respostas a situações

específicas, na realidade estava a afirmar que a habitação é universal, mas já sabemos que

maior parte dos portugueses tem extremas dificuldades em obter habitação própria e/ou

com renda acessível, sendo que, no caso específico dos professores, é tão universal quanto

se pensar que o problema se aplica apenas em duas localidades, ainda que sabendo da falta

de habitação a preços acessíveis em muitas outras e, também, universal que vai abranger

menos de um por cento dos professores deslocados ou a percorrer distâncias ridículas

diariamente.

É, ainda, preciso recuperar as palavras recentes do Presidente da República, que

procuraram discriminar positivamente os profissionais da educação e da saúde

relativamente aos restantes. Nesse sentido, a resposta governativa passou por juntar os

profissionais da saúde deslocados neste mesmo protocolo, contudo sem reforçar o número

de habitações ou as localidades abrangidas pelo mesmo.

Assim, sumariando, temos um protocolo “universal”, mas que só abrange duas localidades,

Portimão e Lisboa, com um total de vinte e nove apartamentos, contudo esses apartamentos

têm de ser divididos por professores e por profissionais de saúde, ou seja, a montanha

ministerial da educação voltou a parir um ratinho que denota centralização, ineficácia e

falta de ambição ou peso político.

Concluindo, a procurar dar resposta efetivamente prática ao problema mencionado, a minha

sugestão assenta em incluir um subsídio de deslocação no vencimento dos professores e dos

profissionais de saúde que determine um valor coerente, face às despesas de habitação ou

transporte, para profissionais que estejam a uma distância superior a sessenta quilómetros

da sua residência permanente.

Diogo Fernandes Sousa

Professor do Ensino Básico e Secundário
https://www.ovarnews.pt/habitacao-para-professores-deslocados-por-diogo-sousa/

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